Tradicional nas casas do interior do país, o piso de cimento queimado virou moda em todos os lugares graças a seu aspecto despojado. Bem-vindo na maioria dos ambientes - exceto nas áreas em contato com água, onde se torna escorregadio -, ele é versátil e de fácil limpeza, vantagens que o fizeram conquistar até os consumidores mais exigentes. Mas a frase contida no título alerta para sua fragilidade (especialmente a versão caseira). Trincas, manchas e porosidade podem aparecer. Na opinião do engenheiro paulista Marcos Penteado, quando há trincas ou porosidade, convém refazer o piso. "Outra alternativa é recortar as partes trincadas e aplicar tozetos", ensina Marcos. "É um paliativo, já que a interferência ficará aparente", diz o engenheiro Rubens Curti. O personal trainer Raphael Cezar enfrentou os três problemas no sobrado em que mora. Ele escolheu o cimento para cobrir o chão da casa toda, apostando na facilidade de limpeza dos ambientes, já que tem quatro cachorros. O serviço foi feito pelo pedreiro que tocava a reforma, e as fissuras apareceram na primeira lavagem. Experiência semelhante teve o diretor de vídeo Paulo Bueno, de São Paulo, que revestiu o chão da cozinha com cimentado vermelho. Logo vieram as trincas, os ocos, as bolhas e a porosidade. O piso foi refeito várias vezes com outros pedreiros. Depois de tanta insistência e pouco resultado, Paulo diz que foi "vencido pelo cansaço" e deixou tudo como está. O cuidado na aplicação e a escolha de mão-de-obra qualificada são indispensáveis (veja quadro abaixo).
Nesta cozinha, o piso de cimento queimado faz bonito, aliado ao ladrilho hidráulico, que forma um tapete no centro do ambiente. O experiente empreiteiro fez uso da seguinte receita: para 4 m² (4 mm de espessura), a massa levou 1 saco de 50 kg de pó de mármore, 1 saco de 25 kg de cimento branco estrutural, 1 litro de adesivo Bianco (da Otto Baumgart) para dar liga à mistura e água até obter consistência pastosa. Sobre o contrapiso nivelado, ele dispôs filetes plásticos que servem de junta de dilatação, evitando trincas, e passou Bianco com brocha (neste caso, melhora a aderência da massa à base). Ela foi aplicada a seguir e alisada com desempenadeira de aço. No dia seguinte, uma lixa fina acabou com as irregularidades. Panos molhados cobriram a superfície por três dias. Ao tirá-los, os pedreiros lixaram o piso e passaram resina própria para pedra.
As juntas plásticas de dilatação foram fixadas no contrapiso nivelado. Para que ele ganhasse aderência, passou-se uma mistura de 2 kg de cimento e Bianco (Otto Baumgart) diluído em água (1:4). Uma farofa de cimento e areia média (1:3) foi despejada em quadros alternados e sarrafeada com régua de alumínio. Depois, iniciou-se a queima: uma nata grossa com 20 litros de água, 13 kg de cimento e 1 litro de Bianco foi alisada sobre a superfície com desempenadeira de aço. No dia seguinte, cobriu-se o piso com uma manta de poliéster (Isocryl), molhando-o por oito dias para ficar vistoso. A cura do concreto levou cerca de três semanas, quando se aplicaram duas camadas de resina acrílica fosca Hiper 409 (Dalle Piagge).